O Movimento Pessoas à Frente lançou o estudo “Mulheres em cargos de liderança no Executivo federal: reconhecendo desafios e identificando caminhos para igualdade”, com a coordenação da pesquisadora da UnB (Universidade de Brasília) Michelle Fernandez. A pesquisa ouviu 70 servidoras públicas em cargos de chefia na esfera federal para entender quais os principais obstáculos, fatores e estratégias de ascensão de carreira, e ouvir o que propõem para promover a equidade de gênero e uma burocracia representativa no serviço público.
O resultado das entrevistas mostra um cenário ainda longe do ideal na perspectiva de igualdade de gênero. Para as lideranças femininas na burocracia federal pesam na ascensão da carreira:
A cobrança excessiva (a ideia de que mulher não pode errar) e a expectativa de excelência de seus pares em comparação com homens na mesma posição (segundo 72,8% delas);
A dificuldade de conciliação da carreira com o trabalho de cuidado e a maternidade (para 71,4% das entrevistadas);
A estrutura machista/sexismo do ambiente de trabalho no serviço público (para 64,2%);
"Clube dos homens": as relações interpessoais e indicações entre homens (para 48,5%);
E o desrespeito no trato – incluindo o assédio moral (para 45,7%).
Outro aspecto analisado no estudo é a visão das lideranças sobre os fatores considerados relevantes para a ascensão na carreira:
O acúmulo de conhecimento técnico e a produtividade são apontados como importantes para quase todas as entrevistas (91%);
Em segundo lugar, aparece o chamado “capital social” (rede de relações interpessoais), que foi citado por 60 lideranças (ou 85,7%) e identificado 123 vezes em suas falas.
Para entender as proposições que essas mulheres teriam para a igualdade de gênero no setor público, a pesquisa procurou saber a percepção delas sobre possíveis estratégias e ações:
Para 51,4% das entrevistadas deveriam ter políticas afirmativas para mulheres em cargos de liderança, com reserva de metade das posições para elas (paridade);
A oferta de capacitação e treinamento voltado para lideranças e mentorias entre mulheres é citada por 42,8% das entrevistadas;
Já a institucionalização de políticas de cuidado para inclusão de mães e gestantes foi mencionada por 28,5%.
O Brasil ocupa o último lugar (15º) no ranking de participação feminina em cargos de liderança na América Latina, segundo um estudo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) de 2022.
Acesse a íntegra do material, clicando aqui.
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Fonte: Movimento Pessoas à Frente
Com adaptações de: Comunicação FONAC
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